Blog do MIB

Blog do MIB

Pesquisar este blog

quarta-feira, 19 de março de 2008

Kitten + Mix e Citações

É meia-noite em Amsterdã, capital da Holanda, e estou diante de um estreito prédio de três andares que até a II Guerra Mundial abrigou um escritório e hoje é um museu. Olhando para as estrelas, eu me pergunto como demorei tanto para vir aqui depois de viajar por outras galáxias, outras épocas e outros universos. Sou Kitty Pryde, a Lince Negra.

- É este o lugar, Kurt - digo a meu acompanhante Kurt Wagner, o Noturno, no momento usando um disfarce holográfico que o deixa parecido com Leonardo diCaprio porque sua aparência natural, que lembra um demônio azul com olhos amarelos, atrairia uma multidão de linchadores de mutantes - No segundo e terceiro andares deste prédio era o Anexo Secreto.

- O lugar em que um pequeno grupo de judeus foi escondido por seus amigos durante a ocupação nazista até que alguém os denunciou... No final da guerra somente um, Otto Frank, sobrevivera aos campos de concentração, mas o mundo inteiro soube da história depois da publicação do diário que sua filha Anne escreveu no esconderijo... O Diário de Anne Frank, ou Anne Frank: Diário de uma Jovem, dependendo da edição. Tem certeza de que é direito entrarmos lá agora que está fechado, Kitty?

- Direito? - suspiro eu - Segundo a maioria das pessoas, nós não temos o direito de existir...

Eu também sou mutante, mas minha aparência é normal. As mesmas pessoas que odeiam Kurt por ser azul só descobrem que me odeiam também quando me vêem usando meus poderes, mas qualquer Sentinela sabe que meu nome é Katherine Pryde, nascida em Deerfield, Ilinois, filha de Carmo e Theresa Pryde, e que tenho 18 anos, 1,68m de altura, peso 49,89Kg e sou intangível. Posso ficar sólida quando me concentro, mas em meu estado natural eu atravesso paredes, levito, causo panes em circuitos eletrônicos quando os atravesso, a maioria das armas me atravessa sem me ferir e nem mesmo meu amigo Logan, o Wolverine, consegue me farejar.

Eu poderia acrescentar que tenho um QI altíssimo e aptidão para Física e Informática, ou seja, eu entendo os artigos que Reed Richards escreve em revistas científicas e posso invadir qualquer sistema da SHIELD e deixar minha assinatura como a Deusa da Computação. E que estudei na Escola Xavier para Jovens Superdotados, onde aprendi artes marciais com Logan e bloqueio telepático com o Professor Xavier, o que me permite espancar um ninja do Tentáculo com um pé nas costas e me aproximar de Nate Grey sem ser detectada. Mas apenas as poucas pessoas que realmente se importam comigo se interessam em saber que eu já estudei balé, que preciso usar óculos ou lentes de contato, que gosto de Jornada nas Estrelas, de livros de Anne Rice, que minha banda favorita se chama Cat?s Laughing e sua líder Emma Bull é minha escritora favorita, e que minha Estrela de Davi de prata não é um enfeite, mas um símbolo da minha fé que pertenceu à minha avó e do qual nunca me separo. Entre estas pessoas estão Kurt, Logan e Ororo Munroe, a Tempestade. Há uma que já se foi e levou uma parte de mim consigo, minha melhor amiga Illyanna Rasputin, a Magia. E, mais ligado a mim do que qualquer ser humano vivo, há o pequeno dragão alienígena que chamo de Lockheed.

Levitando de mãos dadas, Kurt e eu subimos até o segundo andar, entramos no prédio e atravessamos uma estante de livros que ocultava a entrada do esconderijo. Nos tornamos novamente sólidos no que foi o quarto de Anne Frank, num silêncio reverente.

Kurt desliga o disfarce, revelando sua aparência natural. Poucas coisas me honram mais do que essa prova de confiança dele, uma honra da qual não me sinto merecedora quando lembro de como gritava de pavor nas primeiras vezes em que o vi.

Ele se mostra diante de mim como é, mas eu não tenho tanta coragem. Continuo me escondendo atrás da fachada da menina brincalhona que eu era, ou da guerreira fria e astuta que Logan me ensinou a ser. Meu eu mais profundo, mais sensível, raramente vem à superfície e, quando o faz, não é compreendido. Como seria, se todo mundo que me conhece continua a me ver como uma garotinha? Então volto a me encolher dentro de mim mesma, com medo de que me vejam como sou e me achem ridícula.

Este lugar, o Anexo Secreto, também escondia o que realmente era. O refúgio dos que não eram humanos pelos padrões dos mais poderosos. Tenho medo de que Magneto esteja certo, de que o ser humano seja mesmo incapaz de conviver com quaisquer diferenças e o único meio de não ser oprimido é se tornar opressor. Não sei como consegui manter meus sonhos e ideais até agora, de tão absurdos e impossíveis de realizar são. Mas preciso mantê-los, porque talvez chegue o dia em que sejam possíveis, e porque não construirei nada se me apoiar em desespero e ódio. Não posso escolher como é o mundo em que vivo, mas posso escolher como sou. E escolhi ser uma X-Man.

Percebo que tenho lágrimas no rosto. E não sou a única. Kurt soluça.

_ Eu não pensei que ia ser assim... _ ele diz _ Nunca estive antes diante do que nós fizemos...
_ Talvez não, Kurt, mas nós dedicamos nossas vidas a mudar o modo como nossa espécie...
_ Nein, Katzchen. Não nós, a espécie humana... Nós.

Só agora percebo como fui estúpida em trazê-lo aqui. Como fui me esquecer que Kurt é alemão?
Porque ele é Kurt, é claro. Os nazistas mataram a maior parte da minha família. Meu avô Samuel Prydeman, um dos poucos sobreviventes, morreu sem saber o que aconteceu com seu irmão Chava Romanoff, e hoje eu o represento em reuniões de pessoas com números tatuados no pulso. Cresci ouvindo sobre os horrores perpetrados por aqueles demônios alemães. E um dia me vi diante do que me pareceu ser, literalmente, um demônio alemão.

Mas debaixo daquele pêlo azul descobri Kurt. E aos poucos deixei de associar sua figura ao diabo para vê-lo como realmente é, e deixei de pensar nele como alemão para pensar nele como amigo. E vi que o verdadeiro demônio era eu, por julgá-lo por sua aparência em vez de pelo tipo de pessoa que é.

- Kurt, entre todos os alemães, você é o último que... - ele sabe, mas mesmo assim chora em meus braços, enquanto meu lado mais superficial tenta aliviar o clima - E você está longe de ser um perfeito ariano.

- Ja, Katzchen, mas e se eu não estivesse? Se eu nascesse normal, não estaria com o resto daquela multidão caçando a aberração azul pelas ruas de Winzeldorf quando o Professor Xavier me encontrou?

Percebo que não tenho uma resposta. Os romanos atiravam cristãos aos leões, os cristãos exterminaram os muçulmanos na tomada de Jerusalém, os espanhóis massacraram os incas e astecas, os americanos dizimaram os índios, os brancos escravizaram os negros e Israel esmaga os palestinos. Nem alemães nem judeus são diferentes do resto. Mas saber de tudo isso não muda o que Kurt sente. São os inocentes que se sentem culpados, como constatou o escritor Primo Levi, sobrevivente de Auschwitz. E meu amigo sofre enquanto o Caveira Vermelha dorme tranqüilo.

Talvez seja necessário, como se os alemães fossem viciados em recuperação, mas é cruel. Assim como é cruel o fato de eu saber de algo que talvez confortasse Kurt, mas que nunca poderei revelar.
Anne Frank ainda vive, dentro de um livro, e no espírito daqueles que o lêem. Sherlock Holmes, um personagem de ficção, ganhou vida própria nas mentes dos leitores e de seu criador, Sir Artur Conan Doyle, que chegou a matá-lo para se ver livre dele e se viu forçado pelo público a ressuscitá-lo. Spock, também um personagem de ficção, se tornou uma segunda personalidade na mente do ator que o interpreta, Leonard Nimoy. Por que uma pessoa real não seria capaz da mesma façanha, se tivesse, como Anne, o dom de escrever? Os nazistas há muito tempo já descobriram este fantasma que os acusa e o perseguem, tentando negar sua autenticidade. O que eles não sabem, o que ninguém sabe, é que ela escapou de novo.

É de admirar que até hoje ninguém tenha percebido que Anne Frank também posava como uma menina brincalhona e despreocupada, mas no íntimo era sensível e eternamente carente. Que também possuía uma mente muito acima de sua idade. Que também levou anos para aprender a controlar seu gênio explosivo. Que também não se relacionava bem com seus pais, os quais também tinham um casamento de conveniência. Que seus dois amores se chamaram Peter. Que começou a escrever seu diário aos treze anos, a mesma idade com que eu ingressei nos X-Men. E que chamava seu diário de Kitty.

Mas ninguém percebeu, e assim deve continuar. Ninguém deve saber que, em 1980, depois do falecimento de seu pai, Anne Frank ganhou novamente as atenções do mundo com o relançamento de seu livro com trechos até então censurados. E que entre as novas mentes que passou a habitar estavam as de Chris Claremont e John Byrne, que escreviam as histórias dos X-Men e, naquele mesmo ano, apresentaram ao mundo uma nova personagem. Eu, Kitty Pryde, a Lince Negra. Eu, Anne Frank, renascida em outro Universo com o poder necessário para lutar pelos meus sonhos.








FRASES DO MALVADINHO

Sou da época em que as crianças só matavam aulas.

Um dia ainda bebo aquela mulher.

Só não deixe a faculdade atrapalhar seus estudos.

Quer converter um ateu? Bote fogo no prédio dele.

Homens... não valem as pilhas do meu vibrador.

Eu quero um computador que faça carinho.

Um dia eu mato a minha família e compro uma casinha longe dessa violência.

Posso até dividir uma mulher com um amigo, mas quero ficar com a parte de baixo.

Egoísta é todo mundo que não quer viver para você.

Amo estas pílulas que me fazem amar.

Só me preocupo com um tipo de pobre: o armado.

Vou morrer de tanto trabalhar e ainda serei demitido por isso.

Assassinos, vamos matar todos eles!

Deus é uma invenção da Rede Globo para alienar os pobres.

O mundo era um parque de diversões, mas quebraram todos os brinquedos.

O mundo não é triste, você é que é muito alegre.

Meus remédios contra paranóia estão tramando contra mim.

Marquei um encontro com Deus e ele atrasou quinze anos.

Estou ficando velho, preciso arrumar uma religião.

Pensar já é uma forma branda de pecado.

Lugar de sonho é na padaria.

Não crio juízo pq não sei o que esse bicho come!!

Nenhum comentário: